domingo, 27 de fevereiro de 2011

Contação de História - "Natureza Maluca"

Já que falamos sobre bichos no post anterior, vou compartilhar o texto "Natureza Maluca", de Edgard Bittencourt. A história é uma delícia de ser contada e ouvida, pois traz rimas que encantam as crianças, e justamente por isso, gosto bastante de trabalhá-la com os pequenos, através de expressão corporal.

Natureza Maluca

Que natureza maluca!
Nela há bichos de montão
Uns você acha bonitos, outros não.
Uns, como a gente, vivem do dia
Outros, à noite começam a folia.
Enquanto um gosta de muito calor
Outros não precisam de ventilador.
Uns bichos trabalham demais
Outros, preguiçosos, jamais.
Este aqui quase não dá pra ver
Já esse outro, nem no livro vai caber.
Uns se parecem com a gente
Outros são bem diferentes.
Enquanto uns moram na mata
Outros vivem na maior mamata.
Uns bichos vão para a panela
Outros têm a boca maior que a janela.
Certos bichos são um encanto
Já outros, perigosos, nem tanto.
Mas você, que é bicho também,
Pode ser amigo de mais de cem! 


Pufe feito com garrafa pet

Já pensou ter pufes exclusivos na sala de aula para contação de histórias, feitos pelas próprias crianças? O professor Sassá é quem ensina a fazer:



Materiais necessários

Fita adesiva

Folhas de jornal
7 garrafas pet
Caixa de papelão
Tesoura com ponta redonda
Pote para tinta
Cola branca
Elásticos
Um pincel grosso e outro fino
Tinta acrílica 


Junte sete garrafas com as tampas para cima e coloque um elástico para segurar. Passe a fita adesiva.




Encape as garrafas com folhas de jornal. Dê várias voltas e use cola branca para fixar uma parte na outra.
 
 

Faça um molde de papelão igual ao formato do fundo das garrafas e cole.



Corte mais pedaços do jornal e forre toda a peça, até chegar nas tampinhas. Use o pincel grosso e espalhe cola até cobrir tudo.



Com outro pincel,  pinte a peça com tinta branca. Faça duas camadas e espere secar. Depois é só escolher qual bicho representar.



É claro que vou fazer com meus alunos, mas o resultado final vai ficar um pouco diferente, pois vamos usar EVA para os detalhes dos bichos. Esse banquinho mostra que é possível abordar a reciclagem em sala de aula de forma lúdica, e principalmente, de forma a valorizar o produto, já que vai ser bastante útil para as contações de histórias.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Arte Rupestre - Pintura em pedra

Entende-se Arte Rupestre como sendo a arte produzida pelo homem no período da Pré-História. As principais manifestações artísticas eram os desenhos e pinturas, principalmente de animais, feitos nas paredes das cavernas.
A arte, nesse sentido, atendia a uma função mística ou mágica, pois acreditavam que ao desenhar determinado animal, aprisionavam-lhe a alma e portanto este seria capturado durante a caça.
Depois de discutir os conceitos de arte rupestre com minha turma de 6º ano, fiquei pensando em uma atividade prática diferente das que já tinha feito, e me lembrei de um trabalho proposto tempos atrás por uma amiga de Garuva, super criativa professora de Artes também, a Bibi. Ela havia visto em uma revista de artesanato sobre a pintura de animais em pedra.
Resolvi então me apropriar da ideia, já que na escola temos uma quantidade grande de pedras redondinhas de rio, de todos os tamanhos. O primeiro passo foi passar uma demão de tinta acrílica branca, para destacar as cores que serão usadas mais tarde.




 Após conferirem se a tinta havia secado, os alunos marcaram as linhas do animal que escolheram desenhar, observando o formato da pedra. Em seguida, procuraram retratar com a tinta acrílica as principais características e detalhes de cada bicho.

Coelhinho

Caracol

Cobra


Outra cobra


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mensagem para a Volta às Aulas


Aqui em São Francisco do Sul as aulas começam na próxima segunda-feira, dia 14, e eu na ansiedade de começar algo totalmente novo, como professora efetiva em uma cidade que estou conhecendo e aprendendo a amar. Para celebrar este momento, selecionei um texto que estava há muito tempo guardado nos meus materiais, e que hoje ao reler me deixou totalmente emocionada.

PROFESSORES APAIXONADOS

Gabriel Perissé

Professoras e professores apaixonados acordam cedo e dormem tarde,  movidos pela ideia fixa de que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar: estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as inteligências.
Professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a todos os textos.
Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados, um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão.
Os professores apaixonados muito sabem das dificuldades, do desrespeito, das injustiças, até mesmo dos horrores que há na profissão. Mas o professor apaixonado não deixa de ser professor, e seu protesto é continuar amando apaixonadamente.
Continuar amando é não perder a fé. Ter fé impede que o medo esmague o amor, que as alienações antigas e novas substituam a lúcida esperança.
Os professores apaixonados querem tudo. Querem multiplicar o tempo, somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo, professor, não esperava explicar.
A paixão é inexplicável, bem sei. Mas também é indisfarçável!!!

Então, desejo a todos vcs, professores apaixonados, uma excelente volta às aulas!!!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Folclore Açoriano - Pão-por-Deus

Os açorianos deixaram uma rica e variada literatura popular, expressa e repassada oralmente através dos séculos, como os provérbios e as expressões típicas. Algumas dessas tradições permanecem até hoje. Já o pão-por-deus é um gênero trazido dos Açores e modificado no Brasil.
O Pão-por-Deus é uma forma artística folclórica de “pedir-os-reis”, ou seja, uma contribuição cultural trazida pelos imigrantes açorianos. Nos arquipélagos dos Açores e Madeira, tais pedidos eram feitos nos dias 1 e 2 de novembro, enquanto que aqui no Brasil, acontecia nos meses anteriores. Lá, eram as crianças que batiam de porta em porta, cantando versinhos e pedindo pão e guloseimas.

Pão , pão por deus

à mangarola ,

encham-me o saco,

e vou-me embora.

Aqui, graças à dinâmica do folclore, passou a ser utilizada de forma escrita, principalmente como um meio de comunicação e entre os enamorados, para pedir amor.

Lá vai o meu coração

Sozinho sem mais ninguém

Vai pedir o Pão-por-Deus

A quem quero tanto bem


Quem recebe um pedido de “Pão-por-Deus”, fica na obrigação de responder até o Natal, enviando uma oferta ao solicitante.
Foi na região de São Francisco do Sul, em Santa Catarina , onde o pão-por-Deus mais penetrou na vida do povo, existiu ali, casas que se dedicavam a confecção apresentando aos consumidores as mais variadas formas de cartões, com preços que também variavam de acordo com o trabalho artístico.
As simetrias no Pão-por-Deus são um detalhe de muita importância na elaboração de sua forma. A criação da figura, desenhos geométricos e recortes abertos ou fechados e perfeitamente simétricos, dão beleza, encanto e precisão a esse costume tão rico em forma, sentido e sensibilidade.
Fazer pão-por-Deus é uma atividade lúdica, barata (é preciso apenas ter papel e tesoura à mão) e indicada para as mais variadas faixas etárias. Eu, por exemplo, já fiz com turmas de Educação Infantil, Fundamental e Médio, e todos gostaram muito!!!
Aqui, fotos dos trabalhos com o 6º ano:














 



















Salvador Dalí X Ana Carolina

Em uma das minhas "experimentações" em sala de aula, estava trabalhando Surrealismo com as turmas de 9º ano. Claro, umas das obras que mais chamaram a atenção dos alunos foi "A Persistência da Memória", de Salvador Dalí.


É impossível falar da obra sem mencionar o conceito de tempo. E depois de discutir e analisar a pintura em conjunto com os alunos, entreguei a eles a letra da música "O avesso dos ponteiros", da Ana Carolina. Procuramos entender o sentido, a mensagem da música e coloquei para tocar algumas vezes.

O avesso dos ponteiros – Ana Carolina

Sempre chega a hora da solidão

Sempre chega a hora de arrumar o armário

Sempre chega a hora do poeta, a plêiade

Sempre chega a hora em que o camelo tem sede

O tempo passa e engraxa a gastura do sapato

Na pressa a gente não nota que a lua muda de formato

Pessoas passam por mim pra pegar o metrô

Confundo a vida ser um longa-metragem

O diretor segue seu destino de cortar as cenas

E o velho vai ficando fraco e esvaziando os frascos e já não vai mais ao cinema

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você...

Penso quando você partiu, assim, sem olhar pra trás

Como um navio que vai ao longe, nem se lembra do cais

Os carros na minha frente vão indo, eu nunca sei pra onde

Será que é lá que você se esconde?

Tudo passa e eu ainda ando pensando em você...

A idade aponta na falha dos cabelos, outro mês aponta na folha do calendário

As senhoras vão trocando o vestuário, as meninas viram a página do diário

O tempo faz tudo valer a pena, e nem o erro é desperdício

Tudo cresce, e o início deixa de ser início e vai chegando ao meio

E aí começo a pensar que nada tem fim, que nada tem fim...

Os alunos fizeram analogias entre a pintura e a música e por fim, criaram desenhos com lápis 6B em sulfite. Os trabalhos ficaram incríveis, ao contrário das fotos que tirei.............=(







Numa próxima oportunidade, vou propor que depois do desenho, os alunos criem uma obra tridimensional com material reciclável, a partir da ideia expressa no papel. Acho que vai ficar bem bacana, e vcs, o que acham?

Lenda do Baobá



Original da África, o Baobá é uma das árvores mais antigas da terra. Conhecido nos meios científicos com o nome de Adansonia Digitata, o baobá, quando adulto, é considerada a árvore que tem o tronco mais grosso do mundo, chegando em alguns casos, a medir 20 metros de diâmetro. São árvores seculares, testemunhas vivas da história, que chegam até aos 6.000 anos de idade.
Esse colosso vegetal pode atingir trinta metros de altura e possui a capacidade de armazenar, em seu caule gigante, até 120.000 litros de água. Por tal razão é denominada "árvore garrafa". No Senegal, o baobá é sagrado, sendo utilizado como fonte de inspiração para lendas, ritos e poesias. Segundo uma antiga lenda africana, se um morto for sepultado dentro de um baobá, sua alma irá viver enquanto a planta existir. E o baobá tem uma vida muito longa: vive entre um e seis mil anos.
Uma das principais curiosidades a respeito dessa árvore tão especial é que seu tronco é oco. Muitas lendas africanas procuram explicar esse fenômeno, mas esta que vou compartilhar com vocês é a melhor de todas, no meu entendimento, porque propõe comparar a árvore aos nossos sentimentos. Em sala de aula, vale dramatizar a história, fazer vozes e sons diferentes e principalmente, curtir muito essa maravilhosa lenda!



O coração do baobá

No coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície, erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um coelhinho, que, exausto, suado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você tem, baobá! Muito obrigado!
O baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento, ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da situação e disse assim: - É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O baobá, picado no seu amor próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelhinho. Este, mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso. Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
- Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil... Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim, hesitante, hesitando, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo, até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a seu amigo. Maravilhado, o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
- Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e braceletes e saiu para se exibir para suas amigas. A primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes. A coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido. A hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado. Foi deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto, elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O baobá, a quem o coelhinho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso, dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho, saboreando cada minutinho de entrega. Mas a hiena, impaciente, pulou com suas garras no tronco do baobá, gritando:
- Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia. E por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto ao baobá, nunca mais ele se abriu. A ferida que ele sofreu é invisível, mas dificilmente curável. O coração dos homens se parece com o do baobá. Por que ele se abre tão medrosamente quando ele se abre? Por que às vezes ele nem se abre? De que hiena será que ele se recorda?
FIM