Um dos marcos da história da arte no Brasil constituiu-se na vinda da Missão Artística Francesa, no século XIX, a convite do rei D. João VI, para que se estabelecessem no Brasil, com o objetivo de impulsionar o ensino da arte e a produção artística do nosso país, numa época ainda marcada pelo barroco. Esses artistas tinham como modelo o neoclassicismo (retorno às tradições greco-romanas).
Esses artistas documentaram os acontecimentos da história brasileira no início do século 19. Ele e os membros da corte tinham consciência da importância da circulação de gravuras tratando de diferentes aspectos da vida no Brasil. Ou seja, eles se preocupavam com a divulgação da imagem do Brasil no exterior, principalmente pelo fato de o Brasil não ser mais apenas uma colônia, mas Reino Unido de Portugal.
Assim, os corpos de negros e índios são representados em estilo clássico, os traços suavizados e europeizados, bem como é amenizada a situação dos escravos (o trabalho é mostrado como atividade, e não como obrigação passível de punição). Mesmo quando estão sendo castigados, as cores da pintura minimizam o drama das surras e da chibata, e a senzala, local onde provavelmente estão, encontra-se inclusive limpa, iluminada.
O principal artista da Missão foi Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) chamado de "a alma da Missão Francesa". Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas é em Viagem pitoresca ao Brasil, coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente idéia da sociedade brasileira do século XIX.
Os alunos do 2º ano do Ensino Médio, após conhecerem os principais aspectos que norteram a obra da Missão Artística Francesa, debateram sobre a influência da visão que estes artistas procuraram retratar e que persiste até hoje. Para isso, foram pesquisados livros didáticos da disciplina de História de diferentes épocas, autores e níveis de ensino. E não é que todos eles traziam as mesmas imagens, exatamente aquelas produzidas pelos artistas da Missão Francesa!
Após todas estas etapas, os alunos receberam a tarefa de realizar retratos da escravidão no Brasil, utilizando grafite e/ou lápis de cor (infelizmente não tivemos condições de experimentar outros materiais, como a aquarela), baseados nas gravuras observadas. Uma das regras era não fazer cópia das imagens, e sim criar uma cena que representasse a visão que os artistas da época tinham sobre a escravidão. E mais uma vez, fui surpreendida pela qualidade dos trabalhos!
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